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O fantástico Natal de 1917

natal

O Natal de 1917 ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial. Na França, exércitos de milhões de soldados enfrentavam-se uns aos outros em desesperados ataques. Os alemães e os aliados viviam em frias e lamacentas trincheiras no solo, em linhas paralelas, com centenas de metros de arame farpado, e uma faixa de “terra de ninguém” entre eles. Cada lado golpeava o outro com milhões de quilos de bombas e gases venenosos. Dezenas de milhares eram feridos e mortos.

Ao descerem as sombras da noite de Natal, os homens pensaram com saudade no Natal em seu lar. E essa saudade os fez odiar ainda mais a horrível guerra que se travava. Ela parecia tão pecaminosa, comparada ao Natal.

Repentinamente, às 10hs e 30 minutos da noite, a artilharia alemã parou de atirar. Os soldados aliados se perguntaram o que estaria acontecendo. O que os alemães estariam aprontando agora? Estariam se preparando para usar gases venenosos de novo, ou esse intervalo seria antes do ataque maciço?

Não muito tempo depois, os canhões dos aliados, na retaguarda, ficaram em silêncio também. Os soldados, nas trincheiras, aguardaram ansiosamente em meio à estranha calmaria que se abateu sobre a frente de batalha. Isso era tão estranho, após o grande ruído da artilharia, que os soldados falavam cochichando.

Então chegaram as incríveis notícias: o alto comando alemão havia solicitado uma trégua para o Natal! Quando faltavam dez minutos para a meia-noite, os clarins soaram o toque de cessar fogo. A trégua era oficial! De ambos os lados fogueiras iluminaram a escura noite.

Os aliados viram então os soldados alemães saírem de suas trincheiras sem quaisquer armas. Pararam junto aos montões de barro e tiraram seus capacetes. Daí alguém começou a cantar “Tudo é paz. Tudo amor.”

Pasmados os soldados aliados saíram também de suas trincheiras e uniram suas vozes no maravilhoso hino de Natal.

Antes de terminarem, engenheiros de todos os lados estavam abrindo caminho no arame farpado . Momentos depois, soldados que haviam sido inimigos passaram através dos rombos abertos no arame. De mãos estendidas eles se cumprimentaram como se fossem amigos que há muito tempo não se viam. Intérpretes ajudavam-nos quando possível, mas as diferenças linguísticas não pareciam ter importância.

Alegremente mostraram fotografias de familiares. Experimentaram os chapéus e capas uns dos outros, e riram de sua aparência. Então alguém sugeriu que deveriam dar presentes também. E, assim, eles voltaram apressadamente às trincheiras a fim de ver o que encontrariam. Os aliados trouxeram latas de doces e carne, e os alemães lhes deram salsichas e outros alimentos.

Os capelães dos dois lados improvisaram um serviço religioso. E os soldados alemães e aliados celebraram juntos a Ceia do Senhor. Então, deram-se as mãos e cantaram: “Benditos, sagrados serão os laços fraternos do amor.

Ninguém quis dormir naquela noite. A feliz comunhão continuou após romper do dia e durante quase toda a manhã. Um pouco antes do meio-dia começou a cair neve, e os homens tiveram de abrigar-se em suas trincheiras. Momentos depois a artilharia se mobilizou para a ação, e o terrível morticínio começou outra vez.

A trégua não havia durado muito! Apenas dozes horas de paz em quatro anos de derramamento de sangue. Mas, forneceu um vislumbre do paraíso que poderia ser este mundo se os homens seguissem o Príncipe da Paz, o Cristo do Natal.

James H. Jauncey

(do livro "O Gato que salvou o trem", pagina 187, Casa Publicadora Brasileira)


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